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terça-feira, 5 de julho de 2011

A função da leitura na primeira infância


Os livros, desde os mais simples, trazem um número muito grande de informações à criança, em forma de figuras, cores, texturas, sons, letras, números, formas geométricas e cheiros, enfim, todo tipo de estimulação necessária ao bom desenvolvimento intelectual da criança. Além disso, cada vez mais eles trazem riquíssimas ilustrações que também estimulam a criatividade da criança.
Desde os primeiros meses, é importante colocar livros, de plástico ou tecido, no meio dos brinquedos do bebê, para que comece a se familiarizar com estes. Às vezes não percebemos, mas os bebês têm uma capacidade muito grande de observação do mundo à sua volta, e provavelmente já terão visto o papai, a mamãe ou sua babá lendo livros ou folheando revistas, e nos surpreenderão sabendo manuseá-los muito cedo.
Os livros servem, num primeiro momento, para que o bebê tenha acesso a estímulos variados; adiante, vão servir para que escute o adulto contar-lhe histórias, que por mais simples que sejam, lhe ajudarão a começar a relacionar as figuras com seus nomes, ampliando seu vocabulário. Mais adiante um pouco, a criança aprende a conhecer a existência das letras. Aos poucos, ela vai se dando conta que estas se juntam formando as palavras que o adulto lê, o que já é um início do processo de alfabetização. Já alfabetizadas, o livro é fonte inesgotável de conhecimento e fantasia para a criança.
Os livros têm a função fundamental de formar o imaginário da criança, dar-lhe a oportunidade de "viajar", abre lacunas que são preenchidas por cada uma a seu jeito. Além disso, são objetos de formação para elas! Elas experenciam através do que lêem, aprendem, se formam e se transformam, podendo assim modificar o mundo também. São companheiros que a criança pode levar a qualquer lugar, indispensáveis e insubstituíveis.
É preciso, porém, ter cuidado com o tipo de material do livro que será dado à criança pequena. Existem livros apropriados para cada faixa de idade, que não oferecem riscos de machucar o bebê ou de ser estragados. As crianças até aproximadamente três anos não devem manusear livros de papel sozinhas, pois não têm ainda a coordenação motora fina necessária, e este material pode ferir seus olhos, além de rasgar com facilidade. Existem livros de tecido, de plástico para o banho e ainda livros de folhas duras e grossas, mais resistentes.
As crianças maiores já podem receber materiais mais elaborados, além de livros-brinquedo que exercitam sua criatividade. Aos poucos, elas vão começando a criar histórias, decorar pequenos textos, fingindo saber ler, até que aprendem de fato. Neste momento todo um mundo novo se abre para elas.
Não existe uma técnica certa para a leitura de livros para as crianças. O adulto apenas precisa ter disposição para dar mais esta atenção a elas. Cada um descobre a sua própria maneira de explorar melhor a hora da leitura. Aos poucos, o leitor vai perceber que também se beneficia do que vêm escutando: até os adultos retiram lições dos contos infantis. É muito importante que o adulto escolha livros que também a encantem, só assim o levará com entusiasmo para a criança.
As fábulas como "A cigarra e a formiga", " A tartaruga e a lebre", "A cegonha e a raposa" , por exemplo, são histórias antigas, que sempre trazem uma lição àqueles que as escutam. São muito importantes para a formação do caráter da criança. É fundamental que o leitor comente com a criança ao final, ajudando a firmar as lições que elas trazem. Da mesma forma, os contos clássicos como "O soldadinho de chumbo", "Chapeuzinho vermelho", "Os três porquinhos" e tantos outros precisam ser comentados, procurando sempre observar qual a compreensão da criança à história, estimulando assim seu raciocínio e capacidade de observação.

Do ponto de vista das emoções, os livros podem contar histórias que falam do dia-a-dia da criança ou de hábitos, lugares e situações, nos quais ela começa a se reconhecer pouco a pouco. Falam também de sentimentos como amor, carinho, proteção, cuidado, inveja, raiva, ciúmes, medo, entre outros, ajudando a criança a compreender melhor as coisas que sente.
Os adultos perceberão que a criança geralmente pede que lhe seja contada a mesma história muitas vezes seguidas, e que, se mudamos alguma coisa no texto, isto logo é percebido pela criança, que corrige ou se irrita. Isto acontece porque elas adoram a repetição: ela ajuda a criança a compreender melhor os sentimentos que aquela história despertou nela. Por exemplo, em "João e Maria", a criança é levada a lembrar do medo de ser abandonada pelos pais, que todas sentem, e que lhes causa grande ansiedade. Através da repetição do conto, aquelas emoções vão sendo experimentadas, melhor compreendidas e elaboradas através do final feliz.
Existem livros que ajudam os adultos a esclarecer as dúvidas das crianças com mais facilidade, falando sobre situações novas como nascimento de irmãos, perda de dentes, entrada na escola, dúvidas a respeito de educação sexual e até mesmo sobre situações difíceis como hospitalizações e morte. As crianças costumam se identificar com os personagens principais e sentem-se aliviadas com os finais felizes e em perceber que não são as únicas a enfrentar situações mais complicadas.
Muito importante ainda é estimular a criança a criar suas próprias histórias, usando a imaginação. Ela só conseguirá fazê-lo após ter aprendido o bom hábito de ouvir as histórias contadas por um adulto.            
Logo compreende a estrutura da narrativa: como inicia, se desenrola e termina uma história, e então passa a conseguir dar seu próprio conteúdo. Desta forma, falará de seus sentimentos e das coisas que são importantes para ela naquele momento, dando pistas do que lhe vai na mente.
Finalmente, um bom hábito a ser adaptado à rotina da criança pode ser a "hora do conto", geralmente útil quando chega a hora de ir para a cama. Serve para acalmar os ânimos, abaixar as energias e incentivar a ida para a cama, que geralmente acontece sob protestos. Cada família adaptará a sugestão da forma mais conveniente, mas geralmente funciona deixando a criança folhear uns poucos livros por alguns minutos, sozinha ou na companhia de irmãos, o que ajuda a criar o bom hábito da concentração, assim como o da independência. Então, passado algum tempo, o adulto (geralmente a mãe ou o pai, que a esta altura podem querer estar fazendo isto pessoalmente) lê a estória que a criança escolher. Mais adiante, a criança alfabetizada pode começar a ler para o irmão menor, estimulando a amizade ou então ler sozinha ou para os pais o livrinho que tiver escolhido. É preciso compreender, no entanto, que este hábito é saudável, desde que não seja imposto e nem rígido, podendo se modificar de acordo com o interesse da criança.
Fonte: Criança em Foco

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