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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Método Padovan: a vanguarda na Reorganização Neurofuncional

Isadora portadora de Síndrome de Down, é submetida a sessão do método Padovan com as fonoaudiólogas

O Método Padovan, foi criado por Beatriz Padovan no início da década de 70. Começou como um estudo simples da pedagogia Waldorf, mas aos poucos foi se desenvolvendo, aperfeiçoando e o resultado é a dimensão mundial que o trabalho ganhou.
O Método Padovan se tornou referência internacional. A explicação para essa grande abrangência? Os resultados e a eficiência do trabalho.
Essa metodologia trabalha diretamente com a reorganização neurofuncional. E o mais interessante do Método Padovan: a abrangência. Crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, síndrome de down e adultos vítimas de acidente vascular cerebral (todos os problemas derivados da falha do amadurecimento neuro psico motor e sensorial), são alguns dos que estão aptos a serem beneficiados pelas ações implantadas a partir do Método Padovan.

A DESCOBERTA
A história do Método Padovan começa quando Beatriz Padovan exercia o magistério na Escola Waldorf Rudolf Steiner (naquela época, Escola Higienópolis), escola esta que pratica a Pedagogia Waldorf, baseada na Antroposofia.
Tinha ela a seus cuidados uma classe de trinta e dois alunos e, dentre estes, havia cinco que, apesar de inteligentes, tinham muita dificuldade de aprendizagem. Pareciam aprender o que se lhes ensinava mas, nos dias seguintes, não mais se lembravam do que lhes fora ensinado.
Passou a Autora, preocupada com o rendimento desses alunos, a dar-lhes aulas de reforço, por sua própria conta. Enquanto recebiam esta ajuda, conseguiam acompanhar com menos dificuldade as aulas. Se parasse com as aulas extras, eles regrediam.
Resolveu então a Autora acompanhar as aulas que esses alunos tinham com outros professores. Constatou que eles apresentavam, também, dificuldades semelhantes, principalmente no que se relacionava com atividades físicas e artísticas. A parte motora era bem prejudicada, demonstrando falta de coordenação além de grande hiperatividade. Não conseguiam controlar a atenção, a concentração e o comportamento. Assim, nas aulas de educação física, jogos, trabalhos manuais e Euritmia, que exigiam movimentos coordenados, eles não conseguiam acompanhar adequadamente.
Um desses alunos mudou-se para a Alemanha. Tempos depois, a mãe desse aluno escreveu dizendo que ele fora diagnosticado como portador de “dislexia”, distúrbio praticamente desconhecido, naquela época, para professores. Procurou a Autora se informar sobre o assunto e soube que esse distúrbio era tratado pela Fonoaudiologia.
Na Faculdade aprendeu que muitos distúrbios de aprendizagem eram devidos ao que se denominava de Disfunção Cerebral Mínima (DCM), que passou depois a ser denominada de Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA) e atualmente passou a se denominar Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Mas com o conhecimento universitário Beatriz Padovan foi além, estudou e chegou ao Método Padovan.
Durante 06 anos (1969 – 1975), a autora trabalhou na Universidade de São Paulo (USP), onde dava aulas para alunos de pós graduação em ordodontia. Lá desenvolveu seu método de mioterapia neurofuncional, mesmo com pacientes em coma, porque sua participação é reflexa e não consciente ou voluntário.
O MÉTODO PADOVAN É COMPOSTO DE DUAS PARTES:
Exercícios Corporais – em grande parte derivados da reorganização neurológica, na sequência preconizada por Rudolf Steiner e complementada pela própria Beatriz Padovan.
Exercícios Oro-buco-faciais do método Padovan de reeducação mioterápica das funções orais. .
Com isso, ou seja, com o conjunto dos exercícios corporais mais os exercícios das funções orais, é desenvolvido o Método Padovan de Reorganização Neurofuncional, nome pelo qual é hoje conhecido não só no Brasil como em vários países (Alemanha, Áustria, Canadá, Espanha, França, Grécia, Marrocos, Suíça), onde a Beatriz Padovan ministra cursos de formação, regularmente, desde 1979.

PILARES DO MÉTODO
Andar – Falar – Pensar
“O homem é o ser que anda ereto, usa uma linguagem codificada e elabora ideias, isto é, o ser que pensa.”
Estas três atividades acompanham o ser humano durante toda sua vida, mas tem o seu primeiro desenvolvimento (o primeiro passo para cada uma das três atividades) nos três primeiros anos de vida do indivíduo: com cerca de 1 ano a criança começa a andar, com cerca de 2 anos inicia a falar e, por volta de 3 anos, é que podemos dizer que começa a pensar.
É importante como Steiner caracteriza cada uma dessas atividades.
Andar: não é um simples locomover-se. Erguer-se e andar ereto é apenas o traço mais visível de um processo muito amplo e complexo. É um processo evolutivo que leva a criança de uma posição horizontal à posição vertical. O de vencer a força da gravidade e passar da posição horizontal para a posição vertical com harmonia e equilíbrio. Antes de alcançar tal conquista, a criança passa por várias fases que serão fundamentais para o domínio do espaço. Assim, ela vai vencendo, pouco a pouco, a força da gravidade, através do amadurecimento do seu Sistema Nervoso Central (SNC). Estas etapas fundamentais e naturais são: espernear sem sair do lugar, rolar, rastejar, engatinhar, ficar em pé e depois andar, o que é alcançado normalmente por volta de l ano de idade. Todas estas etapas são inerentes ao ser humano. Tudo isto a criança faz e vai dominando, porque o processo de verticalização pertence ao próprio programa genético humano. Uma criança, no seu desenvolvimento normal, não deve saltar nenhuma destas etapas.
Falar: Surge do processo de orientação no espaço do desenvolvimento do andar. Nasce do desenvolvimento de todo organismo motor da criança. O Falar, tal como o Andar, também segue todo um processo natural de desenvolvimento. Primeiro a criança se manifesta através do choro, depois com gestos (mímica expressiva) e balbucio, e aos poucos vai se aprimorando, até chegar a construir frases curtas, mas com sentido completo, por volta de 2 anos de idade. Neste momento, diz-se que a criança já está falando.
O processo do Falar depende de sincronia e harmonia de movimentos os mais refinados do corpo humano, tais como os do diafragma, da laringe, da boca (língua, bochechas e lábios) e da respiração. A Fala então está intimamente ligada à lateralidade, desde que o estabelecimento desta dominância permite o desenvolvimento da coordenação de toda a musculatura voluntária.
Lateralidade e fala se inter relacionam.
Pensar: É um processo mental desenvolvido a partir da linguagem. Assim como o Falar surge a partir do Andar, o Pensar surgirá em conseqüência do Falar. Exprimimos nosso pensamento através da fala e da linguagem, mas através da linguagem é que se organiza o Pensar.
Pilar ll: Baseado nas pesquisas da organização neurológica, desenvolvida por Temple Fay, neurologista e neurocirurgião na Filadélfia, por volta de 1950.
A organização neurológica é um processo dinâmico e complexo, mas natural, que leva a uma maturação do sistema nervoso central (SNC), tornando o individuo apto a cumprir o seu potencial genético, ou seja, pronto para adquirir todas as suas capacidades, incluindo a locomoção, a linguagem e o pensamento.
Esta organização neurológica, que nada mais é do que o próprio desenvolvimento ontogenético, consiste nas fases do desenvolvimento natural do ser humano (rolar, rastejar, engatinhar, etc.) que são significativamente importantes na definição do esquema corporal e da lateralidade (maturação do próprio sistema nervoso central), tornando o indivíduo apto a dominar seu corpo no espaço, isto é, a poder fazer todos os movimentos que quiser voluntários e involuntários.

ORGANIZAÇÃO NEUROLÓGICA
“Condição fisiologicamente ótima que se completa unicamente no homem, resulta de um desenvolvimento ontogenético ininterrupto; recapitulando o desenvolvimento neural filogenético.”
FILOGÊNESE: É a evolução do sistema neurológico animal, desde as espécies que possuem um sistema neural mais simples até o homem. Na escala animal a seres mais evoluídos que outros em relação a sua estrutura neural.Cada espécie acrescenta uma nova estrutura nervosa àquela espécie anterior.
ONTOGÊNESE: É a evolução do sistema neural de cada individuo. O homem no seu desenvolvimento ontogenético, repete em certos aspectos o desenvolvimento filogenético.

“Aquele que segue o que a sábia natureza nos mostra e ensina, tem menos chance de errar.”
Beatriz Padovan.

2 comentários:

  1. Boa Tarde,

    Sou neuropedagoga, e tenho interesse em ingressar no mercado de trabalho de Brasília, visto que morei em Brasília, trabalhei na SEDF, porem mudei-me agora estou retornando.
    Morava em Búzios- RJ onde coordenava a APAE - Búzios e cheguei a coordenar a Federação Estadual das APAE´s do Rio de Janeiro.
    Tenho interesse no atendimento individualizado e autônomo e gostaria de saber se possuem interesse em colocar tal atendimento na clínica em que eu poderia me inserir.
    Desde já agradeço a atenção.
    61.8252-5552

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    1. Olá! A CLIFOPS está buscando fonoaudiologas que tenham interesse no método padovan para ingressar à nossa equipe! Caso tenha interesse envie-nos seu currículo!
      rhclifops@gmail.com

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