Vocês já repararam que quando mostramos nossas emoções, nossos músculos se mexem. Os músculos do rosto se colocam numa posição quando sentimos alegria, noutra quando sentimos tristeza, e noutra ainda para braveza e assim por diante. Além disso, quando sentimos emoções, a respiração também muda, fica lenta, rápida, apertada, conforme a emoção. Muda também a batida cardíaca, suamos, trememos, enfim, várias mudanças no corpo acompanham as emoções. Vamos agora analisar um pouquinho a fala. Para falar, é preciso usar o ar dos nossos pulmões, pondo-o para fora. Fale um pouco e sinta se é verdade. Para falar é preciso também mexer vários músculos: os dos lábios, língua, céu da boca e pescoço. Agora a conclusão fica fácil. Se as emoções influem no movimento dos nossos músculos, na nossa forma de respirar e se a fala depende de movimentos de músculos e da respiração, é claro que conforme a emoção que sentimos, nossa fala pode se alterar. Quando a emoção vem, uns falam rápido, suam, tremem, outros não falam, ficam com um nó na garganta, o coração batendo forte e outros falam de modo entrecortado, repetido, gaguejado. É isso aí, gaguejar é natural. Quanto mais sensível é a pessoa, mais ela pode se emocionar com as coisas e maior é a possibilidade dela gaguejar. Gaguejar é uma possibilidade e pode acontecer a qualquer um, dependendo do que sentimos numa determinada situação. Vejam como na TV aparecem pessoas gaguejando ao serem entrevistadas, por exemplo. Então, a criança, só por ser criança, por estar aprendendo as coisas do mundo, sente muitas emoções, alegria forte por ter aprendido alguma coisa; ansiedade, excitação para contar coisas que fez; tristeza por não entender certas coisas que os adultos parecem entender, etc. Ao falar em momentos que está sentindo essas emoções ela gagueja, naturalmente, às vezes gagueja bastante, é natural. E qual é a primeira coisa que os outros dizem à criança ou a qualquer um que gagueja? ‘ Calma, Fala devagar.” Não é isso? Então, na verdade, qualquer um percebe que a gagueira é uma reação emocional, que a pessoa que gagueja está nervosa. Mas, se a gente manda a criança ter calma e falar devagar, acontece um pequeno probleminha. A criança entende que não falou bem, mas não sabe o que deve fazer para falar melhor, pois afinal, o que ela sabe sobre mecanismo da fala? E, afinal, o que adianta recomendar calma quando a gente está nervoso? Em geral, dá mais nervoso ainda. Se a criança for sensível e levar bem a sério o negócio de falar com calma e devagar, o que vai acontecer? Os movimentos musculares que compõem a fala são espontâneos. Para obedecer a ordem de falar com calma, a criança vai influenciar o movimento espontâneo, vai querer controlar o movimento e aí é que a fala fica gaga mesmo. A criança, então, fica nervosa porque percebe que não consegue cumprir a ordem e faz mais força ainda para controlar sua fala. Com o nervosismo e a força, a fala fica cada vez mais gaga. A criança acaba ficando com medo de falar e sempre tentando controlar os músculos para falar bem. O medo que é uma emoção, somada à tentativa de controlar os músculos, que não deveria estar acontecendo, porque a boa fala tem movimento muscular espontâneo, produz gagueira e mais gagueira. Já mataram a charada, né? Chamar a atenção para a gagueira, queres impedir a criança de gaguejar é agir contra a própria natureza e só provoca o aumento da gagueira. Se você quiser testar, reaja negativamente: se o seu filho gaguejar, chame sua atenção, mande-o parar, mande-o se acalmar, reprima, enfim, a sua fala. As conseqüências depois dessa nossa conversa você já pode imaginar. Gaguejar não é feio, nem proibido. Gaguejar é natural, bom, saudável.
Para maiores esclarecimentos PROCURE UM FONOAUDIÓLOGO!
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