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quarta-feira, 16 de março de 2011

A importância da MASTIGAÇÃO


Autora: Cláudia Pietrobon
Ao nascer, a criança ainda não tem os dentes erupcionados (crescidos) na boca, por isso sua principal função alimentar que compõe o sistema estomatognático é a Sucção.
Esta sucção inicialmente reflexa, deve ser estimulada através da Amamentação, responsável não só pelo desenvolvimento da criança nos aspectos nutricionais, imunológicos e psicossociais, mas também pelo desenvolvimento ósseo-muscular facial, favorecendo o posicionamento adequado das arcadas dentários, da língua e dos lábios.
Com o aparecimento dos primeiros dentinhos da criança por volta dos 7 ou 8 meses, a sucção vai deixando de ser reflexa e passando para uma função voluntária, tornando-se auxiliar no processo de iniciação à Mastigação.
A mastigação começa a ser introduzida através de alimentos mais pastosos e a medida que os dentinhos vão surgindo a consistência dos alimentos vai ficando mais sólida, isto pode ocorrer a partir do primeiro ano de vida do bebê.
Neste momento, a criança começa desenvolver movimentos fundamentais para a mastigação, como passar o alimento de um lado para o outro na boca, iniciando movimentos de lateralização de língua e "abrir e fechar a boca" simultaneamente, compondo movimento de verticalização da mandíbula.
A partir dos três anos o padrão de mastigação adulta começa a se consolidar na vida da criança.
Como ocorre a mastigação adulta?
Ao colocar o alimento na boca é importante que este tenha seu tamanho reduzido e triturado a fim de melhor prepará-lo para a deglutição. A saliva em contato com alimento vai lubrificá-lo e provocar uma ação enzimática sobre o alimento para facilitar todo o processo de trituração e por fim, deglutição.
Através de impulsos nervosos que são acionados no cérebro, os músculos abaixadores da mandíbula recebem "ordens" para que a boca se abra e ocorra a entrada do alimento. Neste momento são ativados os músculos elevadores da mandíbula que irão fechar a boca.
A mastigação ocorrerá a partir daí numa seqüência rítmica de abaixamento, elevação e lateralização da mandíbula.
O processo de mastigação pode ser divido em quatro etapas:
Mordida do alimento - neste momento os dentes estão desocluídos ( não se tocam);
Trituração do alimento - ocorre a redução do tamanho do alimento em partículas;
Estágio de transporte - o alimento triturado é transportado pela língua ao fundo da boca, na região da faringe;
Estágio de liberação - ocorre a coleta de pedaços de alimentos que restaram no vestíbulo das bochechas, sendo auxiliado pela língua, músculos faciais e por movimentos mandibulares.
Além de toda ação muscular responsável pela mastigação, é imprescindível a participação dos dentes no corte e trituração do alimento. Desta forma a eficiência mastigatória depende do número de contatos oclusais e saúde dentária.
No processo de mastigação os lábios participam na condução do alimento à boca, auxiliando na identificação tátil e térmica do alimento. O selamento labial favorece a adequação do posicionamento do alimento dentro da boca durante a mastigação.
Para que o alimento seja lateralizado continuamente ao longo da mastigação entra em ação a língua, que com sua movimentação constante, faz o recolhimento do alimento colocado à boca, e posiciona-o adequadamente para iniciar a mastigação. 
Ao mastigar, quando ocorre a oclusão dos dentes ( dentes se tocam), a língua retrai-se (encolhe) a fim de proteger-se para não ser mordida pelos dentes durante os golpes mastigatórios. Esta retração é rápida e precisa, pois, assim que os dentes são separados novamente ela realiza seus movimentos de recolhimento e lateralização do alimento, sendo este, também realizado por músculos das bochechas.
A língua é a grande responsável pela identificação de estímulos térmicos, táteis e gustativos, informações que também influenciam no ritmo mastigatório.
Outra estrutura importante na mastigação é o palato duro, que justamente por ser rígido e fixo auxilia a língua a esmagar o alimento e a identificar sensações de textura e temperatura do alimento.
Os movimentos mandibulares durante a mastigação são muito importantes para compor a eficiência dos dentes e músculos neste processo. Basicamente, a mandíbula movimenta-se nas seguintes direções: 
Lateralização (lateral direita e esquerda);
Anteriorização ( queixo para frente);
Abaixamento ou verticalização;
Posteriorização;
Há pessoas que mastigam simultaneamente do dois lados ( direito e esquerdo), realizando movimentos verticais da mandíbula. Essa mastigação é muito comum em pessoas que usam próteses dentárias, pois, impede que a prótese desloque durante a mastigação causando traumas.
Também é possível observar pessoas que mastigam apenas de uma lado (mastigação unilateral). Essa mastigação é comum em pessoas que apresentam alguma disfunção têmporo-mandibular ou alteração oclusal, podendo ser provocada por cáries, sensibilidade devido a problemas periodontais.
A mastigação unilateral pode gerar dores na região da ATM ( articulação têmporo-mandibular), assimetrias faciais, dores de cabeça devido a hiperatividade excessiva de músculos mastigatórios e ineficiência mastigatória.
Outra movimentação mastigatória inadequada é a anteriorizada ( queixo para frente), ocorrendo na grande maioria das vezes devido à perda do dentes posteriores. Essa perda faz com que durante o processo mastigatório ocorra a anteriorização da mandíbula e a hiperatividade dos músculos periorais (ao redor dos lábios) a fim de conter o alimento na boca durante a mastigação.
A anteriorização mandibular (mastigar com o queixo para frente) é extremamente desfavorável para o equilíbrio das ATMs, podendo gerar desordens têmporo-mandibulares.
Para finalizar as informações sobre o tema, a Mastigação ideal é realizada bilateralmente, ou seja, o alimento é lateralizado para o lado direito e esquerdo consecutivamente e com os lábios selados.
Esta mastigação torna a movimentação muscular e óssea equilibrada entre o lado direito e esquerdo da face, sendo realizada sem apresentar tensões musculares que possam provocar desconfortos e alterações na ATM.

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