Existe uma relação evidente entre a voz, a personalidade e o estado emocional. Seria banal afirmar que a voz é a emanação da pessoa, que ela traduz as emoções mais tênues. A voz pode ser submersa, invadida a ponto de ser impedida no seu funcionamento.
Por outro lado, uma voz que não funciona, deixa a pessoa truncada fazendo com que ela perca parte de sua identidade.
A voz, a pessoa e as emoções tem partes ligadas e entram em uma escala, portanto se a pessoa estiver bem sua voz também estará boa.
A voz pode ser encarada como um meio que libera as emoções, apoderando-se para dizê-la, senti-la, canalizá-la, dividi-la, dar-lhe forma, conteúdo expressivo e para modulá-la.
A emoção é algo rico para a voz, a faz viver, fornece-lhe um sentido, um conteúdo, a colore, a torna criadora. A voz enriquece, desabrocha a emoção colocando-se a seu serviço.
Emocionar-se significa ir em direção ao externo. A voz intervém para acolher a emoção, prolongá-la. Ela a enriquece emprestando-lhe um suporte que a libera.
Desta forma, trabalhar a voz é o ponto de partida de uma remodelagem da pessoa. Uma voz que funciona livremente, que reencontra suas potencialidades, acalma, dinamiza inteiramente a pessoa. O trabalho vocal torna-se ocasião de entrar em contato consigo mesmo.
A voz torna-se campo privilegiado de uma tomada de consciência de si mesmo. Ao desbloquear a voz, abre-se uma nova perspectiva e descobre-se um novo ser.
Um corpo livre produz uma voz livre, uma voz liberada harmoniza-se com o corpo e desprende o espírito.
FONTE: Françoise Estienne (2004)
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