Autora: Cláudia Pietrobon
A Fonoaudiologia é a ciência que tem como objeto de estudo a comunicação humana, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação aos aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na função vestibular, na função cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluência, na voz, nas funções orofaciais e na deglutição.
A intervenção precoce e continuada do fonoaudiólogo nos Distúrbios do Desenvolvimento é fundamental para que o quadro clínico apresentado pelos indivíduos portadores do Transtorno Autista evolua satisfatoriamente, no que tange à sua comunicação geral, e em especial, para o desenvolvimento de sua linguagem receptiva e expressiva, oral, gestual e escrita, capacitando–o para compreender, realizar demandas e agir sobre o ambiente que cerca.
Entretanto, o profissional deve ser um profundo conhecedor do desenvolvimento normal infanto-juvenil e do desenvolvimento atípico do portador de autismo. Também deve ser capaz de diagnosticar, avaliar (porque é possível avaliar os autistas, sim, mesmo os não-verbais!), e planejar uma terapia individualizada e específica. Deve ser um profissional atualizado e consonante com a comunidade científica internacional, e nunca se deixar levar por achismos e idéias que não têm mais o respaldo científico (como as dos anos 60: mães geladeira, e dos anos 70: autismo = psicose!!!).
A terapia fonoaudiológica poderá ter como embasamento, o programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication handicapped Children), desenvolvido pelo departamento TEACCH da Universidade da Carolina do Norte, USA. Também poderá utilizar o recurso PECS (Picture Exchange Communication System), o ABA (Applied Behavior Analysis), e as técnicas de intervenção de Lovaas, sempre com vista ao treinamento e desenvolvimento da linguagem e da comunicação.
Embora nenhum tratamento seja efetivo em normalizar a fala, os melhores resultados são conseguidos com o início da terapia na idade pré-escolar e que envolve a família junto com os profissionais. O mérito é conseguir que a criança utilize a comunicação funcional, ou seja, que a criança se faça entendida. Para uns a comunicação verbal é possível e alcançável. Para outros, a comunicação por gestos ou por utilização de símbolos ou figuras já é de grande valia. Avaliações periódicas devem ser feitas para encontrar as melhores abordagens e reestabelecer as metas de cada criança.
Estratégias para pais e cuidadores de crianças com Atraso no desenvolvimento da linguagem:
· Aguardar, observar e ouvir tudo o que a criança tem para manifestar: gestos, vocalizações e olhares;
· Não atuar de forma diretiva e controladora, dando oportunidade para a criança manifestar seus desejos, interesses e necessidades;
· Fornecer oportunidades que favoreçam a comunicação e saber aguardar uma resposta;
· Usar linguagem compatível com as possibilidades de compreensão pela criança;
· Interpretar atos não intencionais como se fossem atos comunicativos intencionais;
· Não dar automaticamente as coisas para a criança: aguardar que ela tome iniciativa para solicitar os objetos;
· Conhecer as capacidades comunicativas típicas de cada criança e saber que é esse recurso que se pode contar no momento da interação com elas;
· Solicitar pouco de suas capacidades ou exigir acima do que ela pode responder significa possível quebra de interação por falta de sintonia entre os interlocutores;
· Garantir a proximidade física e o contato face a face: esta facilita o intercambio comunicativo;
· Imitar sistematicamente o que a criança faz é uma forma eficiente de chegar ao seu nível: é como sintonizar na mesma estação em que ela opera;
· Dar nome as coisas, de modo natural. Nomear sistematicamente objetos e ações aumenta a possibilidade de compreensão, assim como conduz ao uso de palavras novas;
· As situações do dia a dia devem ser adaptadas de modo que levem a criança a usar a linguagem como um meio privilegiado de ação;
· Criar pequenos problemas cujas soluções impliquem atos comunicativos, EX: dar a mamadeira vazia na hora de tomar o leite, apresentar uma caixa sem o conteúdo que habitualmente à criança encontra dentro dela e assim por diante. Aguardar as atitudes da criança para resolver situações como esta.
· Tomar sistematicamente a iniciativa da comunicação;
· Ficar testando a capacidade das crianças com ordens e perguntas;
· Ficar dirigindo a ação da criança, dizendo como deve agir ou proceder;
· Interromper o silencio que corresponde ao tempo de espera que deve dar para que a criança tome a iniciativa da comunicação;
· Ficar falando no lugar da criança;
· Falar em excesso sem dar tempo para criança responder ao tomar a iniciativa.
Dra. Claudia, quero lhe parabenizar pela excelência das publicações e pela iniciativa deste blog, acabo de descobrí-lo e estou muito feliz e encantada ao ver seu entusiasmo e responsabilidade em divulgar a nossa ciência, a Fonoaudiologia!
ResponderExcluirParabéns, e mais sucesso!
Patrícia Lacerda
Fonoaudióloga
Fortaleza/CE