Autora: Cláudia Pietrobon
O seu bebê se comunica com você através de meios não-verbais como gestos, expressões faciais e linguagem corporal. Aprender a verbalizar os pensamentos, sentimentos e desejos é uma parte importante do desenvolvimento dele. Muitos bebês falam sua primeira palavra quando têm por volta de um ano de idade, mas é claro que cada bebê é único e há casos em que primeiras palavras demoram um pouco mais para sair. Para obter mais informações sobre esses marcos da fala, consulte Desenvolvimento da linguagem. E, pelo fato de a fala ser tão ligada à audição, dificuldades na primeira podem indicar perda de audição ou até surdez. Abaixo, você vai ler sobre os diferentes tipos de problemas de fala e audição, suas causas e as medidas corretas a serem tomadas se suspeitar que sua criança possui algum deles.
Problemas de fala
Há muitas razões pelas quais o seu filho pode começar a falar um pouco mais tarde, ou até muito mais tarde, do que crianças da idade dele. Poucas delas são sérias e a maioria das crianças acaba se ajustando. Por exemplo, a maioria das meninas começa a falar antes dos meninos. O ambiente em que a criança vive pode afetar o desenvolvimento da fala também. Se sua família não fala tanto, o seu filho provavelmente vai começar a falar depois e menos do que as outras crianças. Se ele passa os dias em uma creche ou maternal na qual uma pessoa é responsável por várias crianças, o desenvolvimento da fala pode ser mais devagar. A competição por atenção individual em casa também pode fazer com que a criança comece a falar mais tarde. Por exemplo, se você tem dois filhos de idades muito próximas, ou gêmeos, pode ser que você não consiga dar muito tempo a cada um deles individualmente. Às vezes, a linguagem particular que os gêmeos desenvolvem é mais devido à falta de conversas individuais com um dos pais do que o desejo de falar entre eles mesmos.
Outros fatores que afetam o desenvolvimento da fala são a inteligência, audição e controle dos músculos envolvidos no ato da fala. A fala pode ser atrasada ou impedida se os centros da fala no cérebro não forem normais, ou se houver alguma anormalidade da laringe, garganta, nariz, língua ou lábios. E ela também pode não se desenvolver normalmente devido à surdez parcial ou total, deficiência mental, danos cerebrais ou problemas no funcionamento dos centros de fala no cérebro.
Disfemia (gagueira) - crianças entre os dois e os cinco anos de idade costumam não ter fluência na fala e podem gaguejar quando não encontram as palavras certas para se expressar. Pausas involuntárias ou bloqueios na fala e rápida repetição de sílabas ou no som inicial de uma palavra podem ocorrer. Esses problemas podem ser temporários, acontecendo apenas ocasionalmente quando uma criança está empolgada, impaciente ou envergonhada, ou podem ser crônicos, causados por espasmos musculares ou conflitos mentais ou emocionais subjacentes que precisam ser resolvidos para que a habilidade da fala possa melhorar.
Quando ocorre em uma criança de dois a cinco anos de idade, a gagueira não precisa ser considerada um problema tão grande, a menos que o problema continue vários meses após o primeiro sinal. A criança pode nem estar consciente de seu problema, a não ser que mostrem a ela. Para ajudar uma criança que gagueja, não demonstre raiva ou impaciência recusando-se a entendê-la, completando o seu pensamento ou tentando forçá-la a falar devagar e claramente. Ignore a gagueira e não deixe que os irmãos ou outras crianças debochem ou riam dela. Leia, cante e fale com seu filho o máximo que puder.
Quando se preocupar - consulte o pediatra caso seu filho fale somente no mesmo tom ou com um forte som nasal, se seu vocabulário e habilidade de pronunciar as palavras parecer diminuir em vez de melhorar, ou se a gagueira for grave, constante ou prolongada. Além de testar a audição da criança, o médico irá realizar um exame físico e verificar a garganta, o céu da boca e a língua. Se o seu filho tiver menos de cinco anos de idade, o médico pode encaminhá-lo para um fonoaudiólogo, para que ele avalie e receite o melhor tratamento se considerar que a gagueira é um problema grave, se a criança parecer muito frustrada em suas tentativas de falar claramente ou se você precisar de ajuda para lidar com o desenvolvimento da fala do seu filho. E se o seu filho continuar a substituir sons (r pelo l, por exemplo) ou gaguejar após os cinco ou seis anos de idade, o médico pode sugerir uma consulta e, talvez, tratamento com um fonoaudiólogo.
Infecções do ouvido e surdez
A surdez é uma perda parcial ou completa da audição em um ou dois ouvidos. Uma criança pode nascer com perdas na audição ou desenvolver o problema posteriormente. Como as crianças aprendem a falar imitando os outros, uma criança que não ouve os outros falando não consegue reproduzir esses sons.
A audição normal ocorre quando as ondas sonoras passam pelo canal auditivo e fazem com que o tímpano vibre. As vibrações do tímpano, por sua vez, movem três pequenos ossos no ouvido médio. O movimento desses ossos transmite as vibrações do ouvido médio para o ouvido interno, onde elas são transformadas em impulsos elétricos carregados ao cérebro através do oitavo nervo craniano. O cérebro interpreta estes impulsos elétricos como sons. Danos, doenças ou problemas no funcionamento de qualquer uma dessas estruturas pode causar surdez. Qualquer um dos problemas a seguir podem levar a dificuldades na audição que, provavelmente, levarão a dificuldades de aprendizado.
- Problemas no canal auditivo que podem causar perda auditiva incluem acúmulo de cera, objeto estranho no canal e infecção conhecida como otite.
- Problemas no tímpano e no ouvido médio podem ser causados por uma inflamação do ouvido médio ou um bloqueio na trompa de eustáquio, que conecta a garganta e o ouvido médio. A infecção do ouvido médio (otite média) costuma ocorrer nos dois primeiros anos de vida, especialmente entre crianças expostas freqüentemente a ela nas creches. A infecção costuma envolver um acúmulo de líquidos que causa perda auditiva leve ou moderada e intermitente por até nove meses, ameaçando o desenvolvimento correto das habilidades de linguagem da criança.
- Problemas do ouvido interno podem ser causados por ferimentos ou infecções.
- Já os problemas do oitavo nervo craniano têm muitas causas possíveis. Este nervo é responsável por transportar todos os sinais dos ouvidos e estruturas de equilíbrio ao cérebro. Uma criança pode nascer com um nervo que não se desenvolveu corretamente ou que foi danificado antes do nascimento. Por exemplo, se uma gestante contrai rubéola, o vírus pode infectar o oitavo nervo craniano do feto. Após o nascimento, um ferimento ou infecção por um vírus (caxumba ou sarampo) ou bactéria (meningite) pode danificar esse nervo. Há também certos medicamentos que podem afetá-lo.
Detectando a surdez- normalmente, são os pais que detectam os primeiros sinais de perda auditiva em uma criança. Você pode desconfiar de algum tipo de perda auditiva se algum dos comportamentos a seguir ocorrer: uma criança maior do que três meses ignora sons ou não vira a cabeça na direção de um som, um bebê maior de um ano de idade não parece entender nem mesmo algumas palavras, uma criança maior de dois não produz frases de ao menos duas ou três palavras ou quando uma criança simplesmente parece não ouvir bem. Esses sintomas também podem ter outras causas, por isso, se achar que seu filho pode ter um problema de audição, consulte seu médico. O médico pode encaminhá-los a um centro especializado em fala e audição. Uma criança com audição deficiente deve começar a receber educação especial assim que o problema for descoberto, mesmo se ela tiver apenas um ano de idade.
Tome precauções - é possível prevenir problemas de audição no seu filho se tomar algumas precauções. Nunca coloque qualquer objeto, incluindo cotonetes, dentro de seu canal auditivo. Se o fizer, pode acabar forçando a cera para dentro e entupir o canal ou danificar o tímpano. Não se esqueça de vacinar seu filho contra sarampo e caxumba, os efeitos colaterais podem causar surdez. Se você for uma mulher em idade de engravidar, consulte seu médico sobre possíveis métodos de imunização contra a rubéola.
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