Autora: Cláudia Pietrobon
Levando-se em consideração os aspectos afetivo e funcional da alimentação no seio materno, podemos ressaltar a importância do desmame progressivo, passando-se lentamente à alimentação alternativa.
Estas modificações gradativas na alimentação visam exclusivamente um exercício dos órgãos da fala e um preparo para a aceitação do alimento sólido (com um ano) e posteriormente (aos dezoito meses) a de uma dieta semelhante a do adulto. Do contrário, podem advir problemas articulatórios por má utilização dos órgãos da fala durante a alimentação. São eles decorrentes de dificuldades ao mastigar, deglutir, língua com tônus diminuído, lábios entreabertos e respiração oral viciosa (sem problemas de adenóides, alergias, gripes).
Devemos lembrar que a mastigação é a função mais importante do sistema estomatognático, pois é o primeiro estímulo ortopédico para que o processo de crescimento e desenvolvimento da face possa ter início. Ela exercita os músculos faciais e deve ser bilateral alternada, com movimentos de rotação de mandíbula, levando-se em consideração as condições de cada indivíduo (tipo de oclusão ou maloclusão, conservação dos dentes, tipologia facial, condições respiratórias). Por isso a importância do consumo de alimentos duros e secos para a qualidade da mastigação e força muscular oral.
Sendo assim, é fundamental que toda criança em idade pré-escolar seja submetida, pelo menos uma vez, à uma avaliação fonoaudiológica. Esta avaliação irá verificar se a criança está no processo de aquisição de fala esperado para sua faixa etária. Se houver algum atraso, investigaremos a causa do mesmo, realizando encaminhamentos necessários para outros profissionais e orientando os pais sobre o que podem estar fazendo para auxiliarem no desenvolvimento da fala da criança.
Na avaliação fonoaudiológica também são observados os órgãos fonoarticulatórios (órgãos usados na articulação da fala) que podem apresentar alterações e por isso estar prejudicando a fala. As funções estomatognáticas também são avaliadas.
Caso alguma alteração seja diagnosticada, deve ser corrigida com terapia fonoaudiológica com objetivo de melhorar não somente a fala da criança, mas também as funções de respiração, mastigação e deglutição, já que os órgãos utilizados para essas funções são os mesmos utilizados para a articulação da fala.
Muitas vezes a avaliação fonoaudiológica pode detectar e prevenir possíveis problemas futuros, pois podemos tomar alguns cuidados aos quais chamamos de prevenção e devem começar ainda na infância, com a criação de hábitos saudáveis que serão importantes para a vida futura.
Como vimos, o ato da fala está intimamente ligado à alimentação e suas etapas, as quais podem determinar alterações articulatórias futuras, se retardadas, apressadas ou mal realizadas, sendo que as mesmas podem ser evitadas, respeitando-se o desenvolvimento natural das etapas da alimentação.
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