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sábado, 11 de junho de 2011

Fonoaudiologia e Educação

Todos os meios de comunicação sejam cognitivos ou sócio-culturais são entendidos como linguagem, sendo a língua um tipo dentre os diversos meios de comunicação. Portanto, linguagem é um conceito bem mais amplo do que língua.
A aquisição da linguagem e seus desvios são fenômenos que podem ser entendidos de maneiras diferentes visto que existem diferentes perspectivas teóricas para explicá-los. Em uma visão comportamentalista, a linguagem é concebida como um processo decorrente de estimulação externa. A aquisição pensada a partir da perspectiva inatista tem a linguagem como saber inato. Na perspectiva piagetiana, a linguagem estará a serviço das construções cognitivas da criança. E numa concepção interacionista, de natureza social, a construção da linguagem se dá na interação.
É dever do fonoaudiólogo refletir sobre que perspectiva de aquisição de linguagem constrói sua intervenção clínica. Independente da perspectiva teórica que assume, de uma forma generalista, é o profissional fonoaudiólogo que compreende, define, classifica e avalia as patologias da comunicação humana.
A linguagem oral surgiu antes da linguagem escrita. O homem primitivo, na utilização de ferramentas para a caça, com uma das mãos, preferencialmente, foi desenvolvendo sua especialização hemisférica, a qual lhe permitiu a aquisição da linguagem oral. A escrita, um método de comunicação criado pelo homem, apareceu muito tempo depois de o cérebro humano ter se desenvolvido por completo.
O aprendizado da leitura e escrita é, portanto, bem mais complexo do que o aprendizado da articulação da linguagem oral. A aquisição da leitura e da escrita necessita de ensino formal mesmo em se tratando de crianças inteligentes e saudáveis. A fala não é composta de sons isolados, mas a aquisição da escrita alfabética requer a percepção abstrata de unidades sonoras.
Jardini (2003) aponta razões relevantes para o estimulo da leitura e da escrita, evidenciando que esses processos permitem a compreensão do mundo e expandem a memória humana, através do acúmulo de registros. O bom domínio da leitura e da escrita leva ao êxito escolar e mobiliza a imaginação criativa, bem como determina processos de pensamento.
Ainda há, atualmente, uma grande percentagem de analfabetos no Brasil e a estes se soma um número maior de analfabetos funcionais. Ribeiro (2007), considera que uma pessoa é alfabetizada funcional quando é capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida.
O termo letramento, introduzido recentemente no universo docente, tem um significado mais abrangente. Não significa apenas a aquisição do código lingüístico como no caso da alfabetização. “Letramento é o resultado da ação de aprender a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um individuo, ou grupo social, em conseqüência de ter-se apropriado da escrita” (Soares, 1998).
Portanto, considerando o grave problema que é o analfabetismo funcional e que o letramento não deve estar restrito à prática escolar, mas também próximo à atuação fonoaudiológica, uma vez que como foi explicado anteriormente, é o profissional fonoaudiólogo que intervém na reabilitação das patologias da comunicação humana, acreditamos que a fonoaudiologia pode contribuir de modo efetivo na modificação desse triste quadro.
É importante ressaltar que o progresso da saúde depende não só do maior conhecimento dos agentes das doenças; como também da qualidade e eficácia das relações sociais, políticas, econômicas e culturais, de cada sociedade. Conceição (1984) afirma que as ações que visem à melhoria da saúde são ao mesmo tempo as que melhoram as condições de vida.
Fonte: Portal Ser 

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